Do Fundo do Poço ao Topo: A Experiência de Josué

Então, disse o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto? (Js. 7.10)

Henrique de Souza Ribeiro

6/5/20244 min read

Então, disse o Senhor a Josué: Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o rosto? (Js. 7.10)

Não que eu goste ou queira estar lá, mas, quando me vejo no fundo do poço, então eu só tenho uma alternativa: pra cima!

A vida é feita de altos e baixos. Às vezes somos levados a situações que nos colocam no fundo do poço. Há quem diga que a vida é feita de escolhas e que, portanto, as nossas escolhas determinaram essas situações. Mais cedo ou mais tarde pagaremos o preço por essas escolhas, seja para o bem ou não.

Na história do povo de Israel, Josué se encontrou em uma situação de como é estar no fundo do poço. Após sofrer uma dura derrota no campo de batalha (Js. 7.2-5), Josué rasga as suas vestes, se prostra em terra e clama ao Senhor. No fundo do poço, Josué só viu uma alternativa: pra cima! Ele buscou socorro nAquele que é poderoso para livrar-lhe da situação mais adversa enfrentada até aquele momento.

Tudo começou com o pecado de Acã. Rumo à conquista da Terra Prometida, a ordem de Deus era clara: “Tão somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais” (Js. 6.18).

Após uma grande vitória, a autoestima está em alta. A autoconfiança, também. Mas é justamente neste momento que todo o cuidado deve ser tomado e os padrões, anteriormente adotados, seguidos. Josué foi um dos servos de Moisés e era um homem temente à Deus. Após a conquista de Jericó, um exemplo de combate ideal, Josué envia espias à cidade de Ai. Após receber os relatos, Josué não toma conselho de Deus, desconsidera a ordem de que todo o povo lutasse junto (Js. 1.14) e menospreza o inimigo. Josué, segundo o conselho dos espias, envia uns dois ou três mil homens (Js. 7.3) para guerrear e são derrotados. O fracasso no campo de batalha de Ai é tido como uma sucessão de erros e pecados.

“E o coração do povo se derreteu e se tornou como água” (Js. 7.5). É exatamente neste ponto que Josué se vê no fundo do poço. Se antes a autoestima estava em alta, agora, o medo toma conta do povo de Israel. Eles se veem na mesma situação dos cananeus descrita pela prostitua Raabe: “o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós e o que fizestes aos dois reis dos amorreus (Js. 2.9-10). Infelizmente, na vida, muitas das vezes, é preciso perder para dar valor. As principais experiências são tiradas daquilo que não deu certo. Thomas Edison precisou de apenas uma tentativa para descobrir a lâmpada. Perguntado sobre o feito, disse: “descobri mil maneiras de como não se faz uma lâmpada”. Raramente tiramos lição de uma boa vitória, pois a vitória não nos faz refletir e, sim, comemorar, mas, certamente, tiramos lição de uma derrota, pois a derrota nos entristece...

O que antes era euforia, agora é medo. O líder Josué precisa lidar com essa situação. É aí que ele recorre à Deus (Js. 6.7-9) e é ouvido (Js. 6.10-11). O Senhor Deus revela à Josué que um pecado havia tomado conta do povo de Israel. Embora a transgressão tenha sido cometida por um único homem, todo o povo foi afetado. O pecado de um era o pecado de todos. A unidade de Israel é enfatizada em todo o livro de Josué. Esse conceito de unidade é semelhante ao conceito de igreja no Novo Testamento. O conceito é que todo o povo permaneça fiel à Deus, às suas promessas e à sua aliança. Essa é a verdadeira unidade da igreja. Violar a aliança com Deus é cometer pecado contra Ele. Neste caso, o pecado de um homem trouxe culpa sobre toda a comunidade de Israel. Deus revelou à Josué que um homem da tribo de Judá havia cometido pecado contra Ele. Tomar posse de coisas condenadas (Js. 6.18) é tornar-se imundo perante Deus, é assemelhar-se aos cananeus, isto é, “condenados à destruição”. A única maneira de voltar-se para Deus é se santificando, ou seja, se consagrando, tornando-se santo, separado daquilo que é imundo.

Josué se voltou para Deus fazendo segundo o que Ele ordenara: eliminou Acã, da tribo de Judá, juntamente com toda a sua família, porque havia pecado contra o Senhor tomando posse de coisas imundas. A Palavra de Deus diz que “todo o Israel” o apedrejou (Js. 7.25), mostrando, novamente, a unidade do povo de Deus.

Reconciliado com Deus, Josué segue o seu conselho e envia trinta mil homens valentes para guerrear contra Ai. Deus entrega a cidade de Ai a Josué que a reduz a ruínas (Js. 8.28).

Josué aprendeu que pequenos desafios na vida sem a direção de Deus podiam ter custado tudo aquilo que ele havia conquistado, podia ter custado toda a história de Israel. Distante de Deus a força do homem é inútil e as batalhas não são vencidas. As escolhas que nos levam ao fundo do poço são tomadas sem a direção de Deus. Quando nos vemos lá, a única maneira de sair é seguir o exemplo de Josué: clamar a Deus, eliminar o que nos afasta de dEle, aquilo que quebra a aliança, e, uma vez eliminado, viver segundo a sua Palavra.

Deus é o mesmo ontem, hoje e será o mesmo sempre. A aliança de Deus no Antigo Testamento, permanece no Novo Testamento e até o dia de hoje. “Não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Js. 1.9). Coloque Deus em primeiro lugar na sua vida e todas as demais coisas lhe serão acrescentadas (Mt. 6.33).